terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Agostinho Zhao Rong 中華殉道聖人 《Os 120 Mártires da China》

中華殉道天主教聖人

Os 120 Mártires da China, ou Agostinho Zhao Rong e 119 Companheiros, mártires na China, são mártires católicos da China esantos da Igreja Católica canonizados no dia 1 de Outubro de 2000 pelo Papa João Paulo II.

Entre 1648 e 1930, 87 chineses e 33 missionários ocidentais (incluindo sete religiosas) foram martirizados simplesmente por serem católicos e, em vários casos, pela sua recusa a apostatar. Muitos morreram no levante dos boxers (1899-1900), em que camponeses e ultra-nacionalistas chineses xenófobos mataram milhares de cristãos chineses, missionários e outros estrangeiros ocidentais. Na Igreja Católica, os 120 mártires chineses são lembrados todos os anos no dia 9 de Julho como uma memória facultativa.

Nos séculos XVII e XVIII






 No século XVI, uma nova e mais forte vaga de evangelização na China foi iniciada por missionários católicos, sob a orientação do Padroado português, nomeadamente pelosjesuítas, de entre os quais se destacavam Matteo Ricci, Adam Schall e Ferdinand Verbiest. Já antes, a China conheceu outras vagas de evangelização com algum sucesso relativo: no século V até ao século X, com os nestorianos, que sofreram perseguições no século IX; e nos séculos XIII e XIV, com os missionários franciscanos, de entre os quais se destacavam Giovanni da Montecorvino, que foi o primeiro arcebispo de Pequim. Porém, com o início da dinastia Ming (1368–1644), o cristianismo voltou a ser perseguido.3 4
No século XVI, devido à sua religiosidade, ao seu vasto saber em vários campos da ciência e aos seus conhecimentos humanísticos, estes missionários católicos conseguiram fascinar a elite intelectual chinesa e acabaram por ser empregados pelo Imperador chinês como matemáticos, astrónomos, mecânicos, músicos, pintores, fabricantes de instrumentos (principalmente de relógios e mapas) e em outras áreas que exigiam um grau superior de competência técnica. Fora da Corte imperial em Pequim, eles conseguiram também estabelecer-se em várias cidades chinesas e converteram muitos chineses: em 1617, a Igreja chinesa contava com 13 mil convertidos; em 1650, já conseguiu 150 mil novos convertidos; e de 1650 até 1664, o número de convertidos aproximava-se dos 255 mil.4
Porém, com o fim da dinastia Ming (1368–1644) causado pelas invasões manchus, houve perseguições à Igreja em várias províncias chinesas, porque vários comandantes manchus eram inicialmente hostis à religião cristã. Quando os manchus invadiram a província de Fujian, eles encarceraram, torturaram e decapitaram no dia 15 de Janeiro de1648 o sacerdote dominicano Francisco Fernández de CapillasO.P. (1607-1648). Este missionário espanhol foi reconhecido pela Santa Sé como o protomártir da China.nota 1 1 2 5
Mais tarde, os governantes manchus, que instauraram a dinastia Qing (1644-1912), acabaram por tolerar o cristianismo e continuaram a empregar os missionários na sua Corte imperial em Pequim. Ganhando cada vez mais influência, eles tiveram, como por exemplo, um papel importante na reforma do calendário chinês e na assinatura doTratado de Nerchinsk (1689), que foi o primeiro tratado subscrito pela China com uma potência da Europa, neste caso com o Império Russo. Tudo isso contribuiu para que, em 1692, o Imperador Kangxi publicasse o Édito de Tolerância ao Cristianismo, que concedia a liberdade religiosa aos católicos.1 4
Porém, as doutrinas filosófico-religiosas estrangeiras e novas são muitas vezes suspeitadas pela sociedade chinesa como sendo uma ameaça à segurança nacional. No século IX, até o budismo sofreu perseguições. Nesta sociedade oriental, a cultura, os ritos chineses de inspiração confucionista, as religiões tradicionais chinesas e a soberania nacional estavam intrinsecamente ligadas. Por isso, a controvérsia dos ritos chineses irritou profundamente o Imperador Kangxi, fazendo-o temer pela segurança nacional e pela estabilidade social. Este imperador acabou por proibir as missões cristãs na China, em 1721, dando início às perseguições contra os católicos, que se agravaram em 1746, quando já reinava na China o Imperador Qianlong, neto de Kangxi. No dia 26 de Maio de 1747, o bispo espanhol dominicano Pedro Sans i Yordà (1680-1747) foi martirizado em Fuzhou. No dia 28 de Outubro de 1748, foram mortos em Fujian quatro sacerdotes dominicanos espanhóis, que se chamavam Francisco Serrano Frías, O.P. (1695-1748); Joaquín Royo Pérez, O.P. (1691-1748); Juan Alcober Figuera, O.P. (1694-1748); e Francisco Díaz del Rincón, O.P. (1713-1748).1 2 4 6
As perseguições contra a Igreja variavam muito de intensidade e de frequência, podendo haver períodos de relativa tolerância entre as vagas de perseguição, visto que tudo dependia da maior ou menor tolerância dos vários imperadores ou do zelo dos mandarins regionais em aplicar os decretos imperiais. Os mais afectados eram os missionários ocidentais e os sacerdotes chineses.4 6

No século XIX[editar | editar código-fonte]

Durante os reinados do Imperador Jiaqing (1796-1820) e de Daoguang (1820-1850), as perseguições tornaram-se bastante severas e vários decretos imperiais foram publicados com o fim de dizimar a Igreja: uma em 1811 contra os chineses que estavam a estudar para receber as ordens sacras; mais uma em 1811 contra os padres que estavam a propagar a religião cristã, nomeadamente os missionários estrangeiros (europeus); e outra em 1813 que livravam de qualquer castigo as pessoas que espontanea e volutariamente abandonavam a fé cristã (os apóstatas voluntários). Muitos católicos chineses, missionários e sacerdotes foram martirizados nesta época difícil, de entre os quais se destacavam os seguintes mártires canonizados:1 4 5
  • Pedro Wu Guosheng (1768-1814), um leigo catequista chinês de Guizhou, foi baptizado em 1796 e estrangulado no dia 7 de Novembro de 1814, após várias tentativas frustradas de forçá-lo a apostatar.2 7
  • José Zhang Dapeng (1754-1815), um leigo catequista e comerciante chinês de Guizhou, foi baptizado em 1800, preso em 1814 e estrangulado no dia 12 de Março de1815. Na prisão, conheceu o também leigo e mártir Pedro Wu Guosheng.2 7
  • Gabriel-Taurin DufresseM.E.P. (1750-1815), foi um sacerdote e missionário francês que desenvolveu a sua missão em Sichuan (China) a partir de 1775. Foi várias vezes preso e libertado a seguir, sendo que numa vez, em 1785, foi mesmo enviado de Chengdu para Pequim para ser interrogado. Nesta longa viagem, ele conseguiu impressionar um dos seus guardas militares, Agostinho Zhao Rong, que se tornou depois padre e mártir. Em 1801, Dufresse, já sendo bispo, foi nomeado vigário apostólicode Chengdu, onde organizou um sínodo para dinamizar a Igreja local. Foi mais uma vez preso no dia 18 de Maio de 1815, mas desta vez foi condenado à morte e executado no dia 14 de Setembro de 1815 em Chengdu (Sichuan).2 7 8
  • Agostinho Zhao Rong (1746-1815), um padre diocesano, foi considerado o primeiro mártir nativo chinês. O seu processo de conversão iniciou-se quando, em 1785, fez parte de um grupo de guardas que escoltou o prisioneiro e padre Gabriel-Taurin Dufresse a Pequim. Também contribuiu para a sua conversão o seu contacto com o padre Jean-Martin Moye, que foi beatificado em 1954. Posteriormente, foi baptizado e tornou-se padre, acabando por desenvolver a sua missão em Yunnan, junto da minoria étnica Yi ou Lolo. Foi preso e severamente torturado, acabando por morrer na prisão uns dias mais tarde, no dia 21 de Março de 1815, em Chengdu.2 7
  • Giovanni da TrioraO.F.M. (1760-1816), nascido com o nome de Francesco Maria Lantrua, foi um padre italiano que iniciou a sua obra missionária na China em 1800, tendo trabalhado como por exemplo em Hunan e em Hubei. Em Julho de 1815, foi preso e, após várias tentativas frustradas em forçá-lo a apostatar, acabou por ser estrangulado no dia 7 de Fevereiro de 1816 em Changsha (Hunan).2 7
  • José Yuan Zaide (1766-1817) foi um padre diocesano chinês que nasceu em Sichuan, numa família católica. Foi muito influenciado pelos exemplos do padre Gabriel-Taurin Dufresse e do padre Paulo Liu Hanzuo. Em 1795, tornou-se padre e trabalhou em vários distritos de Sichuan. Em 1816, foi preso por ter sido denunciado por uma católica a quem tinha feito algumas repreensões acerca da sua infidelidade ao marido. Num dos inúmeros interrogatórios, as autoridades acusaram-no de auxiliar os europeus a conquistar a China só porque ele recitava a oração do Pai-Nosso, que contém a frase "venha a nós o vosso reino". Após várias tentativas frustradas em forçá-lo a apostatar, foi estrangulado em Sichuan, no dia 24 de Junho de 1817.2 6 7
  • Paulo Liu Hanzuo (1778-1818) foi um padre diocesano chinês que nasceu em Sichuan, numa família católica. Aos 35 anos, foi ordenado padre. Em Sichuan, foi martirizado no dia 13 de Fevereiro de 1818.2 7 9
  • François-Régis CletC.M. (1748-1820), foi um sacerdote e missionário francês que, sofrendo com o início da Revolução Francesa, foi enviado para a China em 1791. Desenvolveu a sua actividade missionária em Jiangxi, em Hubei e em Hunan. Denunciado por um cristão, ele foi preso, torturado e estrangulado no dia 18 de Fevereiro de1820 em Wuchang (Hubei).2 7 10
  • Tadeu Liu Ruiting (1773-1823) foi um padre diocesano chinês que nasceu em Sichuan, numa família católica. Aos 34 anos, ele foi ordenado padre pelo bispo Gabriel-Taurin Dufresse. Em 1821, foi denunciado e preso, juntamente com cerca de 30 católicos. Permanecendo fiel à fé católica, ele foi estrangulado em Quxian (Sichuan), no dia30 de Novembro de 1823.2 7
  • Pedro Liu Wenyuan (1760-1834), um leigo catequista chinês de Guizhou, foi preso em 1814 por ser católico e condenado ao exílio na Tartária, onde viveu como escravo e sob condições adversas. Na sequência de um perdão geral declarado em 1830, ele pôde voltar para casa. Porém, acabou novamente por ser preso e foi estrangulado no dia 17 de Maio de 1834.2 7
  • Joaquim Ho Kaizhi (1782-1839), ou Joaquim Hao Kaizhi ou ainda Joaquim He Kaizhi, foi um leigo catequista chinês de Guizhou que foi baptizado quando tinha cerca de 20 anos de idade. A sua conversão teve início em 1802, quando se encontrou com José Zhang Dapeng. Em 1814, foi preso, torturado e condenado ao exílio na Tartária, onde permaneceu durante quase 20 anos, partilhando o seu destino com outros padres e leigos chineses exilados. Tendo voltado para casa, foi novamente preso em 1836. Recusou negar a fé católica e foi por isso estrangulado no dia 9 de Julho de 1839.2 7
Finalmente, na sequência da assinatura do Tratado de Whampoa entre a França e a China em 1844, a situação da Igreja chinesa começou a melhorar com a publicação de dois decretos pelo Imperador Daoguang: um em 1844, que permitia aos chineses seguirem a religião cristã; e outra em 1846, que devolvia aos cristãos as suas propriedades anteriormente confiscadas e que estipulava que os oficiais que voltassem a prender cristãos inofensivos deviam ser julgados. Porém, apesar disso, ainda continuou a haver algumas perseguições graves em várias províncias chinesas, produzindo em Guangxi e em Guizhou os seguintes mártires canonizados:1 4 5
A morte cruel do padre Auguste Chapdelaine, em 1856, serviu de pretexto à França para se juntar ao Reino Unido numa acção militar conjunta contra a China. Na sequência da vitória da aliança anglo-francesa, a China foi obrigada a assinar o Tratado de Tianjin (1858) e a Convenção de Pequim (1860), que concediam, entre outras coisas, aliberdade religiosa a todos os cristãos e vários privilégios às missões cristãs. As antigas igrejas de Pequim foram devolvidas aos lazaristas. Estas reivindicações francesas a favor do cristianismo confirmaram o estatuto da França como protectora das missões católicas na China, relegando o Padroado português para segundo plano.1 4

Na rebelião dos boxers (1900)[editar | editar código-fonte]

Com as novas leis favoráveis à missionação, a Igreja Católica cresceu muito na China. Porém, os cristãos chineses e os missionários (católicos ou protestantes) passaram a estar cada vez mais associados ao imperialismo ocidental e, por isso, eram periodicamente perseguidos e assassinados pelos radicais chineses anti-ocidentais. Causado principalmente pelas grandes transformações sócio-económicas e pelas injustiças provocadas em parte pelos tratados desiguais que a China foi forçada a assinar, o ódio ao Ocidente foi crescendo em vários sectores da população chinesa, que tendia tradicionalmente para a xenofobia. E este ódio dificultava a vida da Igreja, que sofria periodicamente perseguições populares anti-ocidentais que eram por vezes apoiadas pelos mandarins regionais ou locais. A maior e mais sangrenta destas perseguições foi oLevante dos boxers (1899-1900), que teve apoio da Imperatriz Cixi e seus aliados conservadores e xenófobos. Nesta rebelião anti-ocidental, a segurança das missões e dos cristãos em geral tornou-se insustentável e muitos leigos, missionários e sacerdotes católicosortodoxos e protestantes foram martirizados pelos boxers chineses. Para além de matarem missionários e estrangeiros, eles também massacraram muitos cristãos chineses, acusando-lhes de serem traidores da Nação chinesa.1 4
Na região meridional de Hunan, os boxers chineses martirizaram em Julho de 1900 os seguintes sacerdotes franciscanos:1 11
  • Cesidio GiacomantonioO.F.M. (1873-1900), um padre franciscano italiano, tornou-se missionário na China em 1899. Foi torturado e queimado vivo no dia 4 de Julho de1900, quando, mesmo sabendo que muito provavelmente ia ser apanhado pelos boxers, se dirigiu à capela da missão franciscana de Hengyang para tentar proteger oSantíssimo Sacramento de possíveis profanações.2 7 11
  • Antonio Fantosati, O.F.M. (1842-1900), um bispo franciscano italiano, chegou à China em 1867 e trabalhou nas províncias de Hubei e de Hunan. Em 1892, tornou-se no Vigário Apostólico de Hunan Meridional. Tendo conhecimento da morte do padre Giacomantonio e das altas possibilidades de ser martirizado, ele insistiu em voltar a Hengyang para apoiar a comunidade católica perseguida. No dia 7 de Julho de 1900, ele foi torturado e morto juntamente com o seu companheiro de viagem, o padre Giuseppe Gambaro, no caminho de regresso a Hengyang.2 7 11 12
  • Giuseppe Maria Gambaro, O.F.M. (1869-1900), um padre franciscano italiano, chegou à China em 1896. Sofreu o martírio juntamente com o bispo Antonio Fantosati, no caminho de regresso à missão franciscana de Hengyang, no dia 7 de Julho de 1900.2 7
No dia 9 de Julho de 1900, com o apoio do governador provincial Yuxian (ou Yu-Hsien), os boxers martirizaram em Taiyuan, na província de Shanxi, os seguintes missionários, religiosas e leigos afectos à missão franciscana de Shanxi:1 2
  • Gregorio Maria GrassiO.F.M. (1833-1900), um bispo franciscano italiano, começou a sua actividade missionária em Shanxi em 1861 e tornou-se vigário apostólico de Shanxi Setentrional em 1891.7 13 14
  • Francesco Antonio Domenico Fogolla, O.F.M. (1839-1900), um bispo italiano, deixou a Itália em 1866, chegou a Shanxi em 1868 e tornou-se vigário apostólico coadjutor de Shanxi Setentrional em 1898.7 15 16
  • Elia Facchini, O.F.M. (1839-1900), um padre italiano, chegou a Taiyuan em 1868 e foi, entre outras coisas, reitor do seminário, autor de um extenso dicionário chinês-latim e superior de um convento franciscano em Shanxi.7 17
  • Theodóric Balat, O.F.M. (1858-1900), um padre francês, chegou à China em 1884 e foi, entre outras coisas, professor do seminário, mestre de noviços, promotor de missões e capelão das Franciscanas Missionárias de Maria sediadas em Shanxi.7
  • Andrew Bauer, O.F.M. (1866-1900), um irmão religioso francês, chegou a Taiyuan em 1899.7
  • Sete irmãs religiosas do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria que, a pedido do bispo Fogolla, foram viver e trabalhar no Vicariato Apostólico de Shanxi Setentrional em 1898:1 18
    • Maria Hermina de Jesus (1866-1900), francesa e nascida com o nome de Irma Grivot, era a superiora do convento das Franciscanas Missionárias de Maria em Shanxi.7
    • Maria da Paz (1875-1900), italiana e nascida com o nome de Marianna Giuliani.7
    • Maria Clara (1872-1900), italiana e nascida com o nome de Clelia Nanetti.7
    • Maria do Santo Nascimento (1864-1900), francesa bretã e nascida com o nome de Jeanne-Marie Kerguin.7
    • Maria de São Justo (1866-1900), francesa e nascida com o nome de Anne Moreau.7
    • Maria Adolfine (1866-1900), holandesa e nascida com o nome de Anna Dierkx.7
    • Maria Amandina (1872-1900), belga e nascida com o nome de Pauline Jeuris.7
  • Cinco seminaristas chineses da Ordem Franciscana Secular que, contrariando a maioria dos seus colegas, decidiram não abandonar o seminário, apesar de serem fortemente aconselhados pelos seus superiores a voltarem para casa:1 7
  • Seis leigos chineses da Ordem Franciscana Secular:1
  • E três leigos chineses que trabalhavam ou frequentavam a missão franciscana:7
Quando a rebelião dos Boxers, que começou em Shandong e depois se espalhou para Shanxi e Hunan, chegou também à região sudeste de Hebei (antigo Tcheli ou Zhili), que correspondia na altura ao Vicariato Apostólico de Xianxian (terra de missão dos jesuítas), milhares de cristãos foram martirizados. Em 1900, este vicariato tinha 50 mil católicos num total de 8 milhões de habitantes.19 Entre os inúmeros mártires, foram reconhecidos e canonizados quatro missionários jesuítas franceses e 52 leigos chineses, sendo a mais velha uma idosa com 79 anos e o mais jovem uma criança com apenas nove anos de idade. Estes 56 mártires, recusando todos a apostasia, foram mortos pelos boxers e seus alidados no verão de 1900, em várias localidades de Hebei:1
  • No dia 15 de JunhoBárbara Cui Lian (1849-1900), uma leiga chinesa que era mãe do primeiro bispo de Yongnian José Cui Shou-xun (1877-1953), foi morta na aldeia de Liushuitao (em Hejian)9 ou na aldeia de Qiangshenzhuang (em Dongguang)2 , juntamente com o seu terceiro filho e sua mulher e mais sete católicos.7
  • No dia 19 de Junho, os boxers invadiram a aldeia de Wuyi, que tinha uma significativa comunidade católica, e decapitaram os padres jesuítas Rémy Isoré, S.J. (1852-1900), e Modeste Andlauer, S.J. (1847-1900), que estavam na altura a celebrar juntos a Missa na igreja paroquial. Ambos os sacerdotes tinham cerca de 18 anos de actividade missionária na China.2 7 20
  • No dia 26 de JunhoJosé Ma Taishun (1840-1900), um leigo catequista chinês, foi capturado, decapitado e queimado na aldeia de Wangla (em Dongguang)9 ou na sua aldeia nativa de Qiangshenzhuang (em Dongguang).2 7
  • Em Wangla, no dia 28 de Junho, os boxers, depois de terem massacrado muitos católicos de Wangla, mataram também Lúcia Wang Cheng (1882-1900), Maria Fan Kun(1884-1900), Maria Chi Yu (1885-1900) e Maria Zheng Xu (1889-1900), que eram quatro órfãs que viviam no orfanato católico de Wangla. Nesse mesmo dia, Maria Du Zhao (1849-1900), uma leiga chinesa, foi morta na aldeia de Wangjiatian, em Hengshui.2 7
  • No dia 29 de JunhoMaria Du Tian (1858-1900) e sua filha Madalena Du Fengju (1881-1900), juntamente com o resto da família, foram martirizados na aldeia de Du (ou Dujiadun), em Shenzhou. Nesse mesmo dia, uma família em fuga da aldeia de Xihetou, com nove pessoas, de entre os quais se destacavam Paulo Wu Anjyu (1839-1900) e seus netos João Baptista Wu Mantang (1883-1900) e Paulo Wu Wanshu (1884-1900), foi martirizada na aldeia vizinha de Xiaoluyi, em Shenzhou.2 7
  • No dia 30 de Junho, os leigos chineses Raimundo Li Quanzhen (1841-1900) e Pedro Li Quanhui (1837-1900), que eram dois irmãos escondidos nuns pântanos perto da aldeia de Chentuncun (em Jiaohe), foram capturados, torturados e mortos.2 7
  • No dia 1 de JulhoZhang Huailu (1843-1900), um catecúmeno chinês, foi martirizado na sua aldeia nativa de Zhuketian, em Hengshui. Apesar da oposição da sua família, ele começou a receber formação cristã em 1900 como preparação para o baptismo, que ele ainda não recebeu quando foi morto.2 7
  • No dia 3 de Julho, os leigos chineses e irmãos Pedro Zhao Mingzhen(1839-1900) e João Baptista Zhao Mingxi (1844-1900), juntamente com a sua família de 18 pessoas e vários amigos, foram martirizados na sua aldeia nativa de Beiwangtou (em Shenzhou)9 ou na aldeia de Dongyangtai (em Shenzhou).2 7
  • No dia 5 de Julho, as leigas chinesas e irmãs Teresa Chen Tinjieh (1875-1900) e Rosa Chen Aijieh (1878-1900), nascidas na aldeia de Feng (em Jizhou), foram mortas perto da aldeia de Cao (em Ningjin)9 ou perto da aldeia de Huangeryn (em Ningjin)2 , juntamente com a sua numerosa família em fuga.7
  • No dia 6 de Julho, o leigo chinês Pedro Wang Zuolung (1842-1900) foi torturado e morto na sua aldeia nativa de Shuanzhong, em Jizhou.2 7 21
  • No dia 7 de JulhoMaria Guo Li (1835-1900), uma leiga chinesa, foi decapitada na sua aldeia nativa de Hujiache (ou Hujiacun), em Shenzhou, juntamente com as suas duas noras, dois netos e duas netas. Nesse mesmo dia, o médico tradicional chinês e especialista em acupunctura Marco Ji Tianxiang (1834-1900), juntamente com onze familiares, foi martirizado na sua aldeia nativa de Yazhuangtou, em Jizhou,9 ou perto da cidade de Ueihoei.2 Aos 40 anos de idade, este leigo chinês tornou-se muito viciado em ópio e, desde então, foi-lhe proibido receber os sacramentos pelo pároco da aldeia. Apesar deste vício pecaminoso que ele nunca conseguiu vencer, Marco Ji permaneceu fiel à fé católica e escolheu o martírio quando esta oportunidade lhe surgiu em 1900.7 22
  • No dia 8 de JulhoJoão Wu Wenyin (1850-1900), um leigo chinês e chefe da sua aldeia nativa de Dongertou (em Yongnian), foi torturado e enforcado em Dongertou9 ou em Yongjenin2 por sentença emitida pelo mandarim local.7
  • No dia 11 de JulhoAna An Xin (1828-1900), Maria An Guo (1836-1900), Ana An Jiao (1874-1900) e Maria An Linghua (1871-1900), todas elas pertencentes à mesma família em fuga, não conseguiram escapar da fúria dos boxers e foram por isso martirizadas na aldeia de Liugongying, em Shenzhou9 ou em Anping.2 7
  • No dia 13 de Julho, o leigo chinês Paulo Liu Jinde (1821-1900) foi martirizado, porque decidiu permanecer na sua aldeia nativa de Lanziqiao, em Hengshui, à espera da vinda dos boxers, enquanto que a maioria dos seus conterrâneos católicos preferiram refugiar-se para outras localidades. Nesse mesmo dia, o leigo chinês José Wang Kuiju (1863-1900), ou José Wang Guiji, foi morto na sua aldeia nativa de Nangong, em Jizhou.2 7
  • No dia 14 de Julho, o leigo chinês João Wang Kuixin (1875-1900), ou João Wang Guixin, que era primo e conterrâneo do também mártir José Wang Kuiji, foi morto na sua aldeia nativa de Nangong, em Jizhou.2 7
  • No dia 16 de Julho, a leiga chinesa Teresa Zhang He (1864-1900) foi martirizada na aldeia de Zhangjiaji, em Ningjin. Nesse mesmo dia, a leiga chinesa Lang Yang (1871-1900) e seu filho Paulo Lang Fu (1891-1900) foram torturados, esfaqueados, desmembrados, mortos e queimados na sua aldeia nativa de Lu (ou Lüjiapo), em Qinghe.2 7
  • No dia 17 de Julho, o leigo chinês Pedro Liu Zeyu (1843-1900), ou Pedro Liu Ziyu, foi morto na sua aldeia nativa de Zhujiaxie (ou Zhujiaxiezhuang), em Shenzhou, por um grupo de boxers que incluía um monge budista e dois guardas do mandarim local, que apoiava os boxers.2 7
  • No dia 19 de Julho, o leigo chinês João Baptista Zhu Wurui (1883-1900) foi decapitado na aldeia de Lujiazhuang, em Jingxian. Nesse mesmo dia, a leiga chinesa e viúvaIsabel Qin Bian (1846-1900) e os seus quatro filhos, de entre os quais se destacava Simão Qin Chunfu (1886-1900), foram mortos na aldeia de Liucun, em Renqiu.2 7
  • No dia 20 de Julho, a leiga e catequista chinesa Maria Fu Guilin (1863-1900) foi decapitada na aldeia de Daliucun, em Wuyi2 ou em Shenzhou.9 Nesse mesmo dia, a leiga e catequista chinesa Maria Zhao Guo (1840-1900) e suas filhas virgens Rosa Zhao (1878-1900) e Maria Zhao (1883-1900) foram decapitadas na sua aldeia nativa de Zhaojia, em Wuqiao. Também neste dia, o catecúmeno chinês Chi Zhuze (1882-1900), ou Chi Zhuzi ou ainda Xi Guizi, nascido numa família pagã, foi torturado, desmembrado e morto na sua aldeia nativa de Dechao, em Shenzhou. Por último, também no dia 20 de Julho, após alguns dias de cerco, a aldeia fortificada de Tchou-Kia-ho (ou Zhujiahe), em Jingxian (ou Qinxian), com mais de 3000 refugiados católicos vindos de outros povoados cristãos, foi conquistada pelos boxers e seus alidados imperiais. Após a conquista, seguiu-se um massacre, que resultou em mais de 1800 a 3000 católicos mortos, de entre os quais se destacavam os seguintes mártires reconhecidos:2 7 19 20
    • Léon-Ignace ManginS.J. (1857-1900), um padre jesuíta francês, tornou-se missionário na China em 1882. Martirizado juntamente com o padre Paul Denn, Maria Zhu Wu e mais de 1000 fiéis na igreja paroquial de Zhujiahe, que foi cercada, alvejada com espingardas e no fim queimada.2 20
    • Paul Denn, S.J. (1847-1900), um padre jesuíta francês, tornou-se missionário na China em 1872.2
    • Maria Zhu Wu (1850-1900), uma leiga nascida na aldeia de Zhujiahe. Tentou proteger o padre Mangin das balas, pondo-se à frente dele.2
    • Pedro Zhu Rixin (1881-1900), ou Pedro Zhou Rixin, um leigo chinês nascido na aldeia de Zhujiahe. Capturado pelos boxers fora da igreja paroquial de Zhujiahe já em chamas, permaneceu fiel à fé católica e foi por isso executado na aldeia vizinha de Lujiazhuang (ou Loujiazhuang).2 7
  • No dia 21 de Julho, perto de Daining, os boxers mataram José Wang Yumei(1832-1900), um leigo chinês que era o chefe da comunidade católica da aldeia deMajiazhuang, perto de Daining, em Weixian. No dia seguinte, em 22 de Julho de 1900, eles decapitaram também os restantes católicos da aldeia que recusaram a apostasia, de entre os quais se destacavam Ana Wang (1886-1900), Lúcia Wang Wang (1869-1900) e seu filho André Wang Tianqing (1891-1900).23 24 Também no dia 22 de Julho, 'Maria Wang Li (1851-1900) tentou escapar-se do caos em Weixian, mas foi capturada no caminho pelos boxers e acabou também por ser martirizada perto de Daining.2 7 9
  • No dia 30 de Julho, o leigo chinês José Yuan Gengyin (1853-1900) foi martirizado na aldeia de Dayin (ou Daying), em Zaoqiang.2 7
  • No dia 8 de Agosto, o leigo chinês Paulo Ge Tingzhu (1839-1900), ou Paulo Ke Tingzhu, foi torturado e morto na sua aldeia nativa de Xixiaodun, em Xinhe,2 ou na sua aldeia nativa de Xiaotun, em Shenzhou.7 9
  • No dia 16 de Agosto, a leiga e professora chinesa Rosa Fan Hui (1855-1900) foi torturada e morta por esfaqueamento e afogamento na aldeia de Fanjiazhuang (ou Fan), em Wuqiao.2 7
No dia 21 de Julho de 1900, o padre italiano Alberico CrescitelliP.I.M.E. (1863-1900), foi torturado e esfaqueado em Yanzibian, perto de Yangpingguan, em Shaanximeridional, no dia 21 de Julho de 1900. O seu corpo foi posteriormente cortado aos pedaços e deitados ao rio. Este missionário italiano chegou à China em 1888 e trabalhou desde então em Shaanxi, que era então abrangida pelo Vicariato Apostólico de Shensi. Sempre com uma preocupação de perceber melhor a mentalidade e o modo de vida dos chineses, ele chegou até a estudar os problemas no cultivo do arroz. Ele também preocupou-se em defender a igualdade de tratamento dos cristãos, que eram mais desfavorecidos, e dos pagãos por parte do Estado chinês.2 7 9 O seu martírio em 1900 é geralmente atribuído aos boxers chineses, se bem que novas evidências e a releitura dos documentos originais eclesiásticos e chineses indicam que Crescitelli foi assassinado pelos seus inimigos, que aproveitaram os decretos imperiais que apoiavam o movimento boxer para justificarem este homicídio. Crescitelli angariou estes inimigos quando, por oposição à elite local anti-ocidental e anti-cristã, conseguiu que a ajuda alimentar governamental fosse também distribuída por entre os cristãos chineses, igualmente afectados, tal como os pagãos, pela fome de 1900 que assolou a região.25 26
Depois da vitória da Aliança das Oito Nações sobre os boxers chineses em 1900, a normalidade voltou às missões cristãs, mas o estigma de que o cristianismo era uma importação ocidental continuou a perdurar em algumas correntes do pensamento nacionalista chinês e, posteriormente, na ideologia do Partido Comunista Chinês.4

Na República da China (1911-1949)[editar | editar código-fonte]

Anos mais tarde, o pensamento ultra-nacionalista e xenófobo de que o cristianismo era um aliado do imperialismo ocidental voltou a mobilizar pessoas e populações inteiras em certas regiões da China, particularmente nas zonas com maior presença dos guerrilheiros e militantes comunistas. Como por exemplo, na província de Guangdong, piratas influenciados pela propaganda comunista anti-ocidental e anti-cristã mataram perto da aldeia de Li-Thau-Tseul (ou Litouzui) dois missionários salesianos que estavam na altura a navegarem no rio Bei Jiang (Rio Norte). Este acontecimento deu-se no dia 25 de Fevereiro de 1930 e os dois mártires em causa eram o padre italiano Callisto Caravario,S.D.B. (1903-1930), e o bispo italiano e vigário apostólico de Shiu Chow Luigi Versiglia, S.B.D. (1873-1930).1 2 9 27

Canonização[editar | editar código-fonte]

Simbolizando a universalidade da Igreja Católica, os 120 mártires chineses, já todos eles beatificados em diferentes alturas por diferentes Papas, foram escolhidos para representar os inúmeros mártires que morreram na China por fidelidade corajosa à fé católica, incluindo aqueles que morreram já na época comunista (desde 1949), cujo grande número ainda está por definir.6 7 A canonização realizou-se no Vaticano, no dia 1 de Outubro de 2000, no contexto do Grande Jubileu, pelo Papa João Paulo II, que pronunciou a seguinte homilia a respeito deles:28
Cquote1.svg"Os preceitos do Senhor dão alegria". Estas palavras do Salmo responsorial reflectem bem a experiência de Agostinho Zhao Rong e 119 Companheiros mártires na China. Os testemunhos que chegaram até nós deixam entrever neles um estado de espírito marcado por uma profunda serenidade e alegria.
Hoje a Igreja agradece ao seu Senhor, que a abençoa e a imbui de luz com o esplendor da santidade destes filhos e filhas da China. Não é porventura o Ano Santo o momento mais oportuno para fazer resplandecer o seu testemunho heróico? A jovem Ana Wang, com catorze anos, resiste às ameaças do carnífice que a convida a renegar e, dispondo-se à decapitação, declara com o rosto radiante: "A porta do Céu está aberta a todos" e murmura três vezes "Jesus". E Chi Zhuzi, com dezoito anos, grita destemido aos que acabavam de lhe cortar o braço direito e se preparavam para o esfolar vivo: "Cada pedaço da minha carne, cada gota do meu sangue vos repetirão que sou cristão".
Igual convicção e alegria testemunharam os outros 85 chineses, homens e mulheres de todas as idades e condições, sacerdotes, religiosos e leigos, que selaram a própria indefectível fidelidade a Cristo e à Igreja com o dom da vida. Isto aconteceu ao longo de vários séculos e em complexas e difíceis épocas dahistória da China. Esta celebração não é a ocasião oportuna para formular juízos sobre aqueles períodos históricos: poder-se-á e dever-se-á fazê-lo noutra circunstância. Com esta solene proclamação de santidade, a Igreja só deseja reconhecer que aqueles Mártires constituem um exemplo de coragem e de coerência para todos nós e honram o nobre povo chinês.
Nesta plêiade de Mártires resplandecem também 33 missionários e missionárias, que deixaram a sua terra e procuraram introduzir-se na realidade chinesa, assumindo com amor as suas características, no desejo de anunciar Cristo e de servir aquele povo. Os seus túmulos estão lá, como que a significar a sua definitiva pertença à China, que eles, apesar dos seus limites humanos, amaram com sinceridade, despendendo por ela as suas energias. "Nunca fizemos mal a ninguém responde D. Francisco Fogolla ao governador que se prepara para o golpear com a espada. Ao contrário, fizemos o bem a muitos".
Cquote2.svg
Santa Sé escolheu Agostinho Zhao Rong para liderar a lista dos 120 mártires por ser o primeiro padre diocesano nativo chinês a ser martirizado. A data da canonização também não foi um acaso: no dia 1 de Outubro celebra-se a festa litúrgica de Santa Teresa de Lisieux, padroeira das missões e cuja espiritualidade influenciou muitos católicos chineses, e celebra-se também a implantação da República Popular da China (em 1949), sendo lá um importante feriado nacional.6 7

Reacção negativa do Governo chinês[editar | editar código-fonte]

Apesar da lista não incluir nenhum mártir da época comunista, o Governo comunista chinês reagiu de forma negativa à canonização dos 120 mártires, particularmente dos 33 missionários europeus contemplados na lista. O Governo chinês e a Associação Patriótica Católica Chinesa acusaram a Santa Sé de canonizar pessoas que cometeram "crimes enormes" e que por isso foram punidos pelo povo, de desrespeitar "os direitos da Igreja na China", de distorcer a história e de encorajar com este acto os católicos chineses a oporem-se ao Partido Comunista Chinês. Também criticaram a escolha do dia 1 de Outubro para a realização da canonização. As autoridades chinesas, que glorificavam a rebelião dos boxers como sendo um movimento patriótico contra o imperialismo, consideravam por isso o trabalho dos missionários equivalente à acção colonizadora ocidental do século XIX.6 29 30
Um artigo da revista Mundo e Missão, editada pelo Pontifício Instituto das Missões (P.I.M.E.), especulou na altura que todas estas reacções negativas faziam parte de um plano do Governo chinês de controlar ainda mais a Igreja Católica chinesa, mesmo aquela parte que já estava sob controlo da sua Associação Patriótica: ao apresentar "a Santa Sé como inimiga da China, o governo agora tem um instrumento nas mãos para exigir que padres e bispos patrióticos tomem posição pro ou contra a Santa Sé". O objectivo último deste plano era "cortar todas as pontes entre católicos patrióticos e a Santa Sé".29

Resposta da Santa Sé[editar | editar código-fonte]

O então porta-voz da Santa Sé, Joaquín Navarro-Valls, respondeu a todas estas críticas, afirmando que "acusar de crimes enormes esta plêiade de testemunhas é fruto de uma leitura unilateral da história e uma mistificação" e que a canonização "não tem qualquer motivação política, não é contra ninguém, menos ainda contra o grande povo chinês" e não "pretende formular um juízo sobre os complexos períodos históricos". Ele especificou também que o objectivo principal da canonização é "fazer brilhar na Igreja e aos olhos das pessoas de boa vontade a luz da fé destes mártires".30
No dia 2 de Outubro de 2000, num discurso aos peregrinos vindos para a cerimónia da canonização, o Papa João Paulo II reconheceu que "a maioria dos 120 Mártires derramou o sangue em momentos históricos que justamente revestem um particular significado para o vosso Povo [povo chinês]", momentos esses que eram verdadeiras "situações dramáticas, caracterizadas por violentas revoltas sociais", e reafirmou que "com esta canonização, a Igreja decerto não quer apresentar um juízo histórico acerca desses períodos, e muito menos deseja legitimar alguns comportamentos dos governos dessa época que pesaram sobre a história do Povo chinês". Respondendo directamente às críticas do Governo chinês, ele defendeu a actuação dos 33 missionários europeus canonizados, que, na visão dele, "anunciaram, também com o dom da própria vida, a Palavra que salva e empreenderam importantes iniciativas de promoção humana". O Papa afirmou ainda que "há pessoas que, com uma leitura histórica parcial e subjectiva, vêem na sua acção missionária [dos 33 missionários europeus] apenas limites e erros. Se houve erros - o homem é porventura isento de defeitos? - pedimos perdão."31
Este pedido de perdão não é nenhuma confirmação das acusações, sem fundamento histórico 25 , do Governo chinês e deve ser enquadrado no contexto do reconhecimento geral por parte da Igreja de que "erros e limitações" foram cometidos por católicos na China ao longo dos séculos. Numa mensagem por ocasião do IV centenário da chegada do padre Matteo Ricci a Pequim (24 de Outubro de 2001), o Papa enquadrou estes "erros e limitações" num contexto condicionado pela limitação própria "da alma e da acção humana" e "por situações difíceis, relacionadas com acontecimentos históricos complexos e por interesses políticos contrastantes." Não pretendendo emitir um juízo definitivo sobre os complexos períodos históricos, o Papa especificou de seguida dois exemplos onde "erros e limitações" foram cometidos: nas "controvérsias teológicas", de entre as quais se destacava a controvérsia dos ritos na China, que contribuiu para o início das perseguições no final do reinado de Kangxi (1654-1722); e na realidade das missões estarem protegidas, em alguns momentos difíceis da história chinesa, pelas potências europeias, dando a falsa impressão de que o cristianismo era um aliado do imperialismo ocidental. Esta protecção, sendo possivelmente uma reacção ocidental às perseguições que a Igreja chinesa sofria desde o século XVIII, "revelou-se muitas vezes limitativa para a própria liberdade de acção da Igreja e teve repercussões negativas para a China: situações e acontecimentos, que influenciaram o caminho da Igreja, impedindo-a de desempenhar plenamente a favor do Povo chinês a missão que lhe fora confiada pelo seu Fundador, Jesus Cristo." E, no fim, o Papa formulou mais uma vez um pedido de perdão: "sinto uma profunda tristeza por estes erros e limitações do passado, e lamento que eles tenham gerado em muitas pessoas a impressão de uma falta de respeito e de estima da Igreja católica pelo Povo chinês, levando-os a pensar que ela fosse levada por sentimentos de hostilidade em relação à China. Por tudo isto peço perdão e compreensão a todos os que se sentiram, de alguma maneira, feridos por estas formas de acção dos cristãos." E, salientando que "a Santa Sé olha para o Povo chinês com profunda simpatia e com atenção partícipe", acabou por convidar mais uma vez o Governo chinês ao verdadeiro diálogo e à cooperação mútua.32 Este pedido de perdão e toda esta mensagem podem ser vistos como uma tentativa do Papa João Paulo II de forçar o diálogo com o Governo da República Popular da China e de superar "as incompreensões do passado".33
FONTE:

 AGOSTINO ZHAO RONG (+ 1815)
AND 119 COMPANIONS, MARTYRS IN CHINA (+ 1648 – 1930)

1st. October 2000

From the earliest beginnings of the Chinese people (sometime about the middle of the third millennium before Christ)  religious sentiment towards the Supreme Being and diligent filial piety towards ancestors were the most conspicuous characteristics of their culture, which had existed for thousands of years.
This note of distinct religiousness is found to a greater or lesser extent in the Chinese people of all centuries up to our own time, when, under the influence of western atheism, some intellectuals, especially those educated in foreign countries, wished to rid themselves of all religious ideas, like some of their western teachers.
In the fifth century, the Gospel was preached in China, and at the beginning of the seventh century the first church was built there. During the T'ang dynasty (618-907) the Christian community flourished for two centuries. In the thirteenth, thanks to the understanding of the Chinese people and culture shown by missionaries like Giovanni da Montecorvino, it became possible to begin the first Catholic mission in the Middle Kingdom, with the episcopal see in Beijing.
It is not surprising, especially in the modern era (that is, from the sixteenth century, when communications between the east and west began to be, in a way, more frequent) that there was on the part of the Catholic Church a longing to take the light of the Gospel to this people in order to enrich still more their treasure of cultural and religious traditions, so rich and profound.
And so, beginning from the last decades of the sixteenth century, various Catholic missionaries were sent to China: people like Matteo Ricci and others were chosen with great care, keeping in mind their cultural abilities and their qualifications in various fields of science, especially astronomy and mathematics, in addition to their spirit of faith and love. In fact, it was thanks to this and to the appreciation that the missionaries showed for the remarkable spirit of research shown by the studious Chinese, that it was possible to establish very useful collaborative relationships in the scientific field. These relationships served in their turn to open many doors, even that of the Imperial Court, and this led to the development of very useful relations with various people of great ability.
The quality of the religious life of these missionaries was such as to lead not a few people at a high level to feel the need to know better the evangelical spirit that animated them and, then, to be instructed with regard to the Christian religion. This instruction was carried out in a manner suited to their cultural characteristics and way of thinking. At the end of the sixteenth century and the beginning of the seventeenth, there were numerous people who, having undergone the necessary preparation, asked for baptism and became fervent Christians, while always preserving with just pride their Chinese identity and culture.
Christianity was seen in that period as a reality that did not oppose the highest values of the traditions of the Chinese people, nor place itself above these traditions. Rather, it was regarded as something that enriched them with a new light and dimension.
Thanks to the excellent relations that existed between some missionaries and the Emperor K'ang Hsi himself, and thanks to the services they rendered towards re-establishing peace between the “Czar” of Russia and the “Son of Heaven”, namely the Emperor, the latter issued in 1692 the first decree of religious liberty by virtue of which all his subjects could follow the Christian religion and all the missionaries could preach in his vast domains.
In consequence, there were notable developments in missionary activity and the spread of the Gospel message; and many Chinese people, attracted by the light of Christ, asked to be able to receive baptism.
Unfortunately, however, the difficult question of “Chinese rites”,  greatly irritated the Emperor K'ang Hsi and prepared the persecution. The latter, strongly influenced by that in nearby Japan, to a greater or lesser extent, open or insidious, violent or veiled, extended in successive waves practically from the first decade of the seventeenth century to about the middle of the nineteenth. Missionaries and faithful lay people were killed, and many churches destroyed.
It was on 15 January  1648 that the Manchu Tartars, having invaded the region of Fujian and shown themselves hostile to the Christian religion, killed Blessed Francis Fernández de Capillas, a priest of the Order of Preachers (Dominicans). After having imprisoned and tortured him, they beheaded him while he recited with others the Sorrowful Mysteries of the Rosary.
Blessed Francis Fernández de Capillas has been recognised by the Holy See as a Protomartyr of China.
Towards the middle of the following century (the eighteenth) another five Spanish missionaries, who had carried out their activity between 1715-1747, were put to death as a result of a new wave of persecution that started in 1729 and broke out again in 1746. This was in the epoch of the Emperor Yung-Cheng and of his son, K'ien-Lung.
Blessed Peter Sans i Yordà, O.P, Bishop, was martyred in 1747,at Fuzou.
All four of the following were killed on 28 October 1748:
Blessed Francis Serrano, O.P., Priest, 
Blessed Joachim Royo, O.P., Priest, 
Blessed John Alcober, O.P., Priest, 
Blessed Francis Diaz, O.P., Priest.

A new period of persecution in regard to the Christian religion then occurred in the nineteenth century.
While Catholicism had been authorised by some Emperors in the preceding centuries, Emperor Kia-Kin (1796-1821) published, instead, numerous and severe decrees against it. The first was issued in 1805. Two edicts of 1811 were directed against those among the Chinese who were studying to receive sacred orders, and against priests who were propagating the Christian religion. A decree of 1813 exonerated voluntary apostates from every chastisement, that is, Christians who spontaneously declared that they would abandon their faith, but all others were to be dealt with harshly.
In this period the following underwent martyrdom:
Blessed Peter Wu, a Chinese lay catechist. Born of a pagan family, he received baptism in 1796 and passed the rest of his life proclaiming the truth of the Christian religion. All attempts to make him apostasize were in vain. The sentence having been pronounced against him, he was strangled on 7 November 1814.

Following him in fidelity to Christ was:
Blessed Joseph Zhang Dapeng, a lay catechist, and a merchant. Baptised in 1800, he had become the heart of the mission in the city of Kony-Yang. He was imprisoned, and then strangled to death on12 March 1815.

In this same year (1815) there came two other decrees, with which approval was given to the conduct of the Viceroy of Sichuan who had beheaded Monsignor Dufresse, of the Paris Foreign Missions Society, and some Chinese Christians. As a result, there was a worsening of the persecution.
The following martyrs belong to this period:
Blessed John Gabriel Taurin Dufresse, M.E.P., Bishop. He was arrested on 18 May 1815, taken to Chengdu, condemned and executed on 14 September 1815.

Blessed Augustine Zhao Rong, a Chinese diocesan priest. Having first been one of the soldiers who had escorted Monsignor Dufresse from Chengdu to Beijing, he was moved by his patience and had then asked to be numbered among the neophytes. Once baptised, he was sent to the seminary and then ordained a priest. Arrested, he had to suffer the most cruel tortures and then died in 1815.

Blessed John da Triora, O.F.M., Priest. Put in prison together with others in the summer of 1815, he was then condemned to death, and strangled on 7 February 1816.

Blessed Joseph Yuan, a Chinese diocesan priest. Having heard Monsignor Dufresse speak of the Christian Faith, he was overcome by its beauty and then became an exemplary neophyte. Later, he was ordained a priest and, as such, was dedicated to evangelisation in various districts. He was arrested in August 1816, condemned to be strangled, and was killed in this way on 24 June 1817.

Blessed Francis Regis Clet of the Congregation of the Mission (Vincentians). After obtaining permission to go to the Missions in China, he embarked for the Orient in 1791. Having reached there, for thirty years he spent a life of missionary sacrifice. Upheld by an untiring zeal, he evangelised three immense provinces of the Chinese Empire: Jiangxi, Hubei, Hunan. Betrayed by a Christian, he was arrested and thrown into prison where he underwent atrocious tortures. Following sentence by the Emperor he was killed by strangling on 17 February 1820.

Blessed Thaddeus Liu, a Chinese diocesan priest. He refused to apostasize, saying that he was a priest and wanted to be faithful to the religion that he had preached. Condemned to death, he was strangled on 30 November 1823.

Blessed Peter Liu, a Chinese lay catechist. He was arrested in 1814 and condemned to exile in Tartary, where he remained for almost twenty years. Returning to his homeland he was again arrested, and was strangled on 17 May 1834.

Blessed Joachim Ho, a Chinese lay catechist. He was baptised at the age of about twenty years. In the great persecution of 1814 he had been taken with many others of the faithful and subjected to cruel torture. Sent into exile in Tartary, he remained there for almost twenty years. Returning to his homeland he was arrested again and refused to apostasize. Following that, and the death sentence having been confirmed by the Emperor, he was strangled on 9 July 1839.

Blessed Augustus Chapdelaine, M.E.P., a priest of the diocese of Coutances. He entered the Seminary of the Paris Foreign Missions Society, and embarked for China in 1852. He arrived in Guangxi at the end of 1854. Arrested in 1856, he was tortured, condemned to death in prison, and died in February 1856.

Blessed Laurence Bai Xiaoman, a Chinese layman, and an unassuming worker. He joined Blessed Chapdelaine in the refuge that was given to the missionary and was arrested with him and brought before the tribunal. Nothing could make him renounce his religious beliefs. He was beheaded on 25 February 1856.

Blessed Agnes Cao Guiying, a widow, born into an old Christian family. Being dedicated to the instruction of young girls who had recently been converted by Blessed Chapdelaine, she was arrested and condemned to death in prison. She was executed on 1 March 1856.

Three catechists, known as the Martyrs of MaoKou (in the province of Guizhou) were killed on 28 January 1858, by order of the Mandarin of MaoKou:
Blessed Jerome Lu Tingmei, 
Blessed Laurence Wang Bing, 
Blessed Agatha Lin Zao.
All three had been called on to renounce the Christian religion and having refused to do so were condemned to be beheaded.

Two seminarians and two lay people, one of whom was a farmer, the other a widow who worked as a cook in the seminary, suffered martyrdom together on 29 July 1861. They are known as the Martyrs of Qingyanzhen (Guizhou):
Blessed Joseph Zhang Wenlan, seminarian, 
Blessed Paul Chen Changpin, seminarian, 
Blessed John Baptist Luo Tingying, layman, 
Blessed Martha Wang Luo Mande, laywoman.

In the following year, on 18 and 19 February 1862, another five people gave their life for Christ. They are known as the Martyrsof Guizhou.
Blessed John Peter Neel, a priest of the Paris Foreign Missions Society, 
Blessed Martin Wu Xuesheng, lay catechist, 
Blessed John Zhang Tianshen, lay catechist, 
Blessed John Chen Xianheng, lay catechist, 
Blessed Lucy Yi Zhenmei, lay catechist.

In the meantime, some incidents occurred in the politicalfield that had notable repercussions on the life of the Christian missions.
In June 1840, the Imperial Commissioner of Guangdong, rightly wishing to abolish the opium trade that was being conducted by the British, had more than twenty thousand chests of this drug thrown into the sea. This had been the pretext for immediate war, which was won by the British. When the war came to an end, China had to sign in 1842 the first international treaty of modern times, followed quickly by others with America and France. Taking advantage of this opportunity, France replaced Portugal as the power protecting the missions. Following on from this, a twofold decree was issued: one part in 1844 which permitted the Chinese to follow the Catholic religion; the other, in 1846, with which the old penalties against Catholics were abolished.
From then on the Church could live openly and carry out its missionary activity, developing it also in the sphere of higher education, in universities and scientific research.
With the multiplication of various top-level cultural Institutes and thanks to their highly valued activity, ever deeper links were gradually established between the Church and China with its rich cultural traditions.
This collaboration with the Chinese authorities further increased the mutual appreciation and sharing of those true values that must underpin every civilised society.
And so passed an era of expansion in the Christian missions, with the exception of the period in which they were struck by the disaster of the uprising by the “Society for Justice and Harmony” (commonly known as the “Boxers”). This occurred at the beginning of the twentieth century and caused the shedding of the blood of many Christians.
It is known that, mingled in this rebellion, were all the secret societies and the accumulated and repressed hatred against foreigners in the last decades of the nineteenth century, because of the political and social changes following the Opium War and the imposition of the so-called “unequal treaties” on the part of the Western Powers.
Very different, however, was the motive for the persecution of the missionaries, even though they were of European nationality. Their slaughter was brought about solely on religious grounds. They were killed for the same reason as the Chinese faithful who had become Christians. Reliable historical documents provide evidence of the anti-Christian hatred which spurred the “Boxers” to massacre the missionaries and the faithful of the area who had adhered to their teaching. In this regard, an edict was issued on 1 July 1900 which, in substance, said that the time of good relations with European missionaries and their Christians was now past: that the former must be repatriated at once and the faithful forced to apostasize, on penalty of death.
 As a result, the martyrdom took place of several missionaries and many Chinese who can be grouped together as follows:
a) Martyrs of Shanxi, killed on 9 July 1900, who were Franciscan Friars Minor:
Blessed Gregory Grassi, Bishop, 
Blessed Francis Fogolla, Bishop, 
Blessed Elias Facchini, Priest, Blessed Theodoric Balat, Priest, 
Blessed Andrew Bauer, Religious Brother;

b) Martyrs of Southern Hunan, who were also Franciscan Friars Minor:
Blessed Anthony Fantosati, Bishop (martyred on 7 July 1900), 
Blessed Joseph Mary Gambaro, Priest (martyred on 7 July 1900), 
Blessed Cesidio Giacomantonio, Priest (martyred on 4 July 1900).

To the martyred Franciscans of the First Order were added seven Franciscan Missionaries of Mary, of whom three were French, two Italian, one Belgian, and one Dutch:
Blessed Mary Hermina of Jesus (in saec: Irma Grivot), 
Blessed Mary of Peace (in saec: Mary Ann Giuliani), 
Blessed Mary Clare (in saec: Clelia Nanetti), 
Blessed Mary of the Holy Birth (in saec: Joan Mary Kerguin), 
Blessed Mary of Saint Justus (in saec: Ann Moreau) 
Blessed Mary Adolfine (in saec: Ann Dierk), 
Blessed Mary Amandina (in saec: Paula Jeuris).
Of the martyrs belonging to the Franciscan family, there were also eleven Secular Franciscans, all Chinese:
Blessed John Zhang Huan, seminarian, 
Blessed Patrick Dong Bodi, seminarian, 
Blessed John Wang Rui, seminarian, 
Blessed Philip Zhang Zhihe, seminarian, 
Blessed John Zhang Jingguang, seminarian, 
Blessed Thomas Shen Jihe, layman and a manservant, 
Blessed Simon Qin Cunfu, lay catechist, 
Blessed Peter Wu Anbang, layman, 
Blessed Francis Zhang Rong, layman and a farmer, 
Blessed Matthew Feng De, layman and neophyte, 
Blessed Peter Zhang Banniu, layman and labourer.

To these are joined a number of Chinese lay faithful:
Blessed James Yan Guodong, farmer, 
Blessed James Zhao Quanxin, manservant, 
Blessed Peter Wang Erman, cook.

When the uprising of the “Boxers”, which had begun in Shandong and then spread through Shanxi and Hunan, also reached South-Eastern Tcheli, which was then the Apostolic Vicariate of Xianxian, in the care of the Jesuits, the Christians killed could be counted in thousands.
Among these were four French Jesuit missionaries and at least 52 Chinese lay Christians: men, women and children – the oldest of them being 79 years old, while the youngest were aged only nine years. All suffered martyrdom in the month of July 1900. Many of them were killed in the church in the village of Tchou-Kia-ho, in which they were taking refuge and where they were in prayer together with the first two of the missionaries listed below:
Blessed Leo Mangin, S.J., Priest, 
Blessed Paul Denn, S.J., Priest, 
Blessed Rémy Isoré, S.J., Priest, 
Blessed Modeste Andlauer, S.J., Priest.
The names and ages of the Chinese lay Christians were as follows:
Blessed Mary Zhu born Wu, aged about 50 years, 
Blessed Peter Zhu Rixin, aged 19, 
Blessed John Baptist Zhu Wurui, aged 17, 
Blessed Mary Fu Guilin, aged 37, 
Blessed Barbara Cui born Lian, aged 51, 
Blessed Joseph Ma Taishun, aged 60, 
Blessed Lucy Wang Cheng, aged 18, 
Blessed Mary Fan Kun, aged 16, 
Blessed Mary Chi Yu, aged 15, 
Blessed Mary Zheng Xu, aged 11 years, 
Blessed Mary Du born Zhao, aged 51, 
Blessed Magdalene Du Fengju, aged 19, 
Blessed Mary du born Tian, aged 42, 
Blessed Paul Wu Anjyu, aged 62, 
Blessed John Baptist Wu Mantang, aged 17, 
Blessed Paul Wu Wanshu, aged 16, 
Blessed Raymond Li Quanzhen, aged 59, 
Blessed Peter Li Quanhui, aged 63, 
Blessed Peter Zhao Mingzhen, aged 61, 
Blessed John Baptist Zhao Mingxi, aged 56, 
Blessed Teresa Chen Tinjieh, aged 25, 
Blessed Rose Chen Aijieh, aged 22, 
Blessed Peter Wang Zuolung, aged 58, 
Blessed Mary Guo born Li, aged 65, 
Blessed Joan Wu Wenyin, aged 50, 
Blessed Zhang Huailu, aged 57, 
Blessed Mark Ki-T'ien-Siang, aged 66, 
Blessed Ann An born Xin, aged 72, 
Blessed Mary An born Guo, aged 64, 
Blessed Ann An born Jiao, aged 26, 
Blessed Mary An Linghua, aged 29, 
Blessed Paul Liu Jinde, aged 79, 
Blessed Joseph Wang Kuiju, aged 37, 
Blessed John Wang Kuixin, aged 25, 
Blessed Teresa Zhang born He, aged 36, 
Blessed Lang born Yang, aged 29, 
Blessed Paul Lang Fu, aged 9, 
Blessed Elizabeth Qin born Bian, aged 54, 
Blessed Simon Qin Cunfu, aged 14, 
Blessed Peter Liu Zeyu, aged 57, 
Blessed Ann Wang, aged 14, 
Blessed Joseph Wang Yumei, aged 68, 
Blessed Lucy Wang born Wang, aged 31, 
Blessed Andrew Wang Tianqing, aged 9, 
Blessed Mary Wang born Li, aged 49, 
Blessed Chi Zhuze, aged 18, 
Blessed Mary Zhao born Guo, aged 60, 
Blessed Rose Zhao, aged 22, 
Blessed Mary Zhao, aged 17, 
Blessed Joseph Yuan Gengyin, aged 47, 
Blessed Paul Ge Tingzhu, aged 61, 
Blessed Rose Fan Hui, aged 45.

The fact that this considerable number of Chinese lay faithful offered their lives for Christ together with the missionaries who had proclaimed the Gospel to them and had been so devoted to them, is evidence of the depth of the link that faith in Christ establishes. It gathers into a single family people of various races and cultures, strongly uniting them not for political motives but in virtue of a religion that preaches love, brotherhood, peace and justice.
Besides all those already mentioned who were killed by the “Boxers”, it is necessary also to remember:
Blessed Alberic Crescitelli, a priest of the Pontifical Institute of Foreign Missions of Milan, who carried out his ministry in Southern Shanxi and was martyred on 21 July 1900.
Some years later, members of the Salesian Society of St John Bosco were added to the considerable number of martyrs recorded above:
Blessed Louis Versiglia, Bishop,
Blessed Callistus Caravario, Priest.
They were killed together on 25 February 1930 at Li-Thau-Tseul.



中華殉道聖人


天主教中華殉道諸聖簡介[编辑]


中華民國台灣天主教會對中華諸聖封為聖人的推行不遺餘力,不過中華人民共和國政府認為教宗若望保祿二世於二○○○年十月一日中華人民共和國國慶日冊封他們為聖徒表示極度不滿,其中一位獲封聖的聖徒,馬賴神父,即聖馬賴,因「西林教案」被視為第二次英法聯軍之役的导火索。因此此次封聖,中華人民共和國政府認為梵蒂岡有意侮蔑中國人中梵關係陷入新冰點。
中華人民共和國政府认为被册封的人当中,有一些是帮助外国殖民者奴役中国人民的帮凶,有一些则本身品行低劣,并认为天主教会这样做是采用宗教的方法,试图干涉中国内政,篡改历史。[1][2]梵蒂冈回应,这是中華人民共和國政府对历史的错误解释。[3]文汇报发表社论,指出“梵蒂冈『封圣』 要害是反华。...梵蒂冈想把过去在中国大地坏事做尽、骑在中国人民头上作威作福的坏蛋封为天主教『圣人』,是对中国主权、中国宗教自由和民族尊严的亵渎。”[4]時任香港教區主教陳日君樞機则发文支持封圣,评论道:“我们还以为这类‘运动’已成历史...人民的眼睛是雪亮的。中国教友们知道谁是帝国主义侵略者,谁是中国人民的朋友。他们信任传教士,接受了他们所介绍的福音,信了耶稣,忠贞于他,不惜流血。他并质疑:反过来说,中共把义和团“封圣”,是否明智?中外的学者对这历史的复杂事件未必敢如此肯定。政府明明从意识形态的角度作了一个抉择!”[5]

天主教中華殉道諸聖名單[编辑]

清順治、乾隆朝(1648-1795)福建殉道烈士[编辑]

清嘉慶朝(1797-1822)四川、貴州、湖南、湖北殉道烈士[编辑]

清道光朝(1822-1856)四川、貴州、湖北殉道烈士[编辑]

  • 劉瑞廷達陡神父(Taddeo Liu Ruiting);
  • 劉文元伯鐸傳道員(Pietro Liu Wenyuan);
  • 郝開枝雅敬傳道員(Gioacchino Ho);
  • 董文學司鐸 (S. Joannes Gabriel Perboyre , CM)。

清咸豐朝(1856-1861)貴州、廣西殉道烈士[编辑]

  • 聖馬賴思定神父(Augusto Chapdelaine, M.E.P.),巴黎外方傳教會
  • 曹桂英雅妮節婦(Agnese Cao Guiying);
  • 白小滿樂倫(Lorenzo Bai Xiaoman);
  • 王炳樂倫傳道員(Lorenzo Wang Bing);
  • 盧廷美業樂傳道員(Girolamo Lu Tingmei);
  • 聖林昭嘉德貞女(Agata Lin Zhao);
  • 聖王羅曼德瑪利節婦(Maria Wang Luo Mande);
  • 羅廷蔭若翰(Giovanni Battista Luo Tingyin);
  • 張文瀾若瑟修士(Giuseppe Zhang Wenlan);
  • 陳昌品保祿修士(Paolo Chen Changpin)。

清同治朝(1862-1871)貴州殉道烈士[编辑]

清光緒庚子年(1876-1900)山西、陝西、湖南殉道烈士[编辑]

  • 艾士傑主教(Gregorio Grassi, O.F.M.),方濟會
  • 富格辣主教(Francesco Fogolla, O.F.M.),方濟會
  • 范懷德安道主教(Antonino Fantosati, O.F.M.),方濟會
  • 雷體仁神父(Elia Facchini, O.F.M.),方濟會
  • 德奧理神父(Teodorico Balat, O.F.M.),方濟會
  • 安守仁若瑟神父(Giuseppe Maria Gambaro, O.F.M.),方濟會
  • 董哲西神父(Cesidio Giacomantonio ,O.F.M.),方濟會
  • 安振德安德修士(Andrea Bauer, O.F.M.),方濟會
  • 張景光若望修士(Giovanni Zhang Jingguang, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖張志和斐理修士(Filippo Zhang Zhihe, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 張煥若望修士(Giovanni Zhang Huan, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 董博弟修士(Patrizio Dong Bodi, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖王銳若望修士(Giovanni Wang Rui, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖埃明納修女(Irma Grivot M. Ermellina, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖那達理若望瑪利亞修女(Giovan. M. Kerguin Natalia, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖菊斯德安納修女(Anna Moreau M.SanGiusto, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖雅都斐安納修女(Anna Dierk M. Adolfina, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖嘉納修女(CleliaN anetti M. Chiara, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖雅芒定保辣修女(Paola Jeuris M. Amandina, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖巴溪瑪利亞修女(Maria A. Giuliani Pace, F.M.M.),瑪利亞方濟各傳教修會
  • 聖張榮方濟(Francesco Zhang Rong, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖張板紐伯鐸(Pietro Zhang Banniu, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖申計和多默(Tommaso Shen Jihe, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖閻國棟雅格(Giacomo Yan Guodong, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖陳西滿(Simone Chen Ximan, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖馮德穆迪(Mattia Feng De, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖趙全信雅格(Giacomo Zhao Quanxin, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖武安邦伯鐸(Pietro Wu Anbang, O.F.S.),在俗方濟會;
  • 聖王二滿伯鐸(Pietro Wang Erman);
  • 郭西德博理神父(Alberico Crescitelli, P.I.M.E.),宗座外方傳教會

清光緒庚子年(1900)河北省殉道烈士[编辑]

  • 任德芬神父(Leone Ignazio Mangin, SJ),耶穌會
  • 湯愛玲神父(Paolo Denn,SJ),耶穌會
  • 趙席珍神父(Remigio Isore, SJ),耶穌會
  • 路懋德神父(Modesto Andlauer, SJ),耶穌會
  • 聖劉進德保祿(Paolo Liu Jinde);
  • 聖婦安辛安納(Anna Annee Xin);
  • 聖婦安郭瑪利(Maria Annee Guo);
  • 聖婦安焦安納(Anna Annee Jiao);
  • 聖安靈花瑪利(Maria An Linghua);
  • 聖王亞納貞女(Anna Wang);
  • 聖王汝梅若瑟(Giuseppe Wang Yumei);
  • 聖婦王王璐琪(Lucia Wangnee Wang);
  • 聖王天慶安德(Andrea Wang Tianqing);
  • 聖冀天祥瑪谷(Marco Ji Tianxiang);
  • 聖婦郭李瑪利(Maria Guonee Li);
  • 聖吳安居保祿(Paolo Wu Anju);
  • 聖吳滿堂若翰(Giovanni Battista Wu Mantang);
  • 聖吳萬書保祿(Paolo Wu Wanshu);
  • 聖葛廷柱保祿(Paolo Ge Tingzhu);
  • 聖趙明振伯鐸(Pietro Zhao Mingzhen);
  • 聖趙明喜若翰(Giovanni Battista Zhao Mingxi);
  • 聖婦趙郭瑪利(Maria Zhao Guo);
  • 聖趙洛莎貞女(Rosa Zhao);
  • 聖趙瑪利(Maria Zhao);
  • 聖馬太順若瑟(Giuseppe Ma Taishun);
  • 聖李全惠伯鐸(Pietro Li Quanhui);
  • 聖李全真芮蒙(Raimondo Li Quanzhen);
  • 聖王佐隆伯鐸(Pietro Wang Zuolong);
  • 聖張懷祿血洗者(Zhang Huailu);
  • 聖劉子玉伯鐸(Pietro Liu Ziyu);
  • 聖婦秦邊麗莎(Elisebetta Qin Bian);
  • 聖童秦春福西滿(Simone Qin Chunfu);
  • 圣妇崔莲(Barbara Cui Lian);
  • 聖婦杜趙瑪利(Maria Du Zhao);
  • 聖婦朱吳瑪利(Maria Zhu Wu);
  • 聖武文印若望(Giovanni Wu Wenyin);
  • 聖婦王李瑪利(Maria Wang Li);
  • 聖袁庚寅若瑟(Giuseppe Yuan Gengyin);
  • 聖王惠洛莎貞女(Rosa WangHui);
  • 聖婦杜田瑪利(Maria Du Tian);
  • 聖杜鳳菊德蓮(Maddalena Du Fengju);
  • 聖傅桂林瑪利亞貞女(Maria Fu Guilin);
  • 聖婦張何德蘭(Teresia Zhang He);
  • 聖婦郎楊(Lang Yang);
  • 聖童郎福保祿(Paolo Lang Fu);
  • 聖陳金婕德蘭(Teresia Chen Jinjie);
  • 聖陳愛婕洛莎(Rosa Chen Aijie);
  • 聖王奎新若望(Giovanni Wang Kuixin);
  • 聖王奎聚若瑟(Giuseppe Wang Kuiju);
  • 聖朱日新伯鐸(Pietro Zhu Rixin);
  • 聖郗柱子血洗者(Chi Zhuzi);
  • 聖王成璐琪孤女(Lucia Wang Cheng);
  • 聖范坤瑪利亞孤女(Maria Fan Kun);
  • 聖齊玉瑪利亞孤女(Maria Qi Yu);
  • 聖鄭緒瑪利亞孤女(Maria Zheng Xu);
  • 聖朱五瑞若翰(Giovanni Battista Zhu Wurui)。

民國十九年(1930)廣東殉道聖徒[编辑]


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